Por volta de setembro de 2008, eu não via a menor graça em tirar fotos. Achava que tinha muito mais coisas interessantes para fazer do que simplesmente ficar registrando momentos, preferia vivê-los intensamente a perder tempo querendo guardá-los. Nessa época, eu estagiava numa loja de artesanato, Artes do Imaginário Brasileiro, e recebi a missão de tirar fotos de algumas peças para mandar por e-mail para os clientes. A preocupação com enquadramento surgia como instinto, daí (involuntariamente) eu comecei a observar a composição da foto e, como eu não tirava fotos com tanta frequência, comecei a notar alguma evolução desde os primeiros e-mails. O chefe, Guilherme Guimarães, também viu alguma melhora nas fotos e me convidou para ajudar na atualização do site da loja. Meu papel seria o seguinte: tirar foto das peças e colocar no site.
O convite me motivou a querer aprender sobre fotografia, a buscar técnicas que ajudassem a realçar as peças e assim, ter um maior apelo visual. A solução seria um curso de fotografia, mas enquanto não encontrava o curso continuei tirando as fotos intuitivamente, e contando com algumas informações que eu pegava via internet com o fotógrafo Igo Bione (enchi e encho muito o saco desse cara...). Eu já gostava de tirar fotos e a vontade de aprender era enorme, eu queria corresponder às expectativas e fazer merecer a confiança que em mim fora depositada. Assim, Guilherme me pediu para que eu procurasse um curso, que a loja custearia. Voltei a contactar Bione, que me indicou o curso da Comuniquê, com Ivan Alecrim.
Como fazer um curso de fotografia sem uma câmera? Fiz uma pesquisa rápida na internet sobre os modelos mais adequados e busquei levantar alguns preços. Susto quase fatal! Até então eu tinha como hobby a música, e ainda assim não tinha comprado uma guitarra de R$ 1.000, era muito para um hobby. Pois bem, na rápida e superficial pesquisa eu já encontrava câmeras a partir de R$ 1.200. Já era absurdo para mim, e ficou ainda mais quando eu descobri que estava procurando na categoria de usados. Encontrei uma opção que listava os modelos em ordem crescente e decrescente de preço e jé fui logo procurar a mais cara. Isso marcou... Era uma Hasselblad de 50 Mp por R$ 98.000. Mandei o link para todo mundo que eu conhecia...
Voltando ao curso e à realidade, eu não tinha uma câmera e nem R$ 2.000 para comprar uma durante o período do curso, então fui com a cara, a coragem e Nikon Coolpix S4 de Guilherme. Ivan era realmente o mestre em termos de fotografia que Bione havia falado, sem contar com Lucas Emanuel, que virou referência em pouco tempo. Eu estava aprendendo a fotografar com quem entendia do assunto, só não tinha como botar em prática, já que só tinha contato com câmeras DSLR durante as aulas práticas. Durante o curso conheci pessoas que provavelmente vão estar no meio da fotografia em breve. Vivi e Dayviso são alguns exemplos e pessoas que me ajudaram um bocado. Vivi me emprestou sua filha, uma Nikon D40 algumas vezes, me incentivou quando eu pensei em parar porque não tinha perspectiva de comprar uma câmera. Dayvison ainda é uma espécie de "consultor", entende muito de fotografia e edição. Não posso esquecer de Bel, que criou um perfil no Flickr só para comentar cada nova foto que eu postava lá, sempre me dando muita força.
Falando em pessoas que me apoiaram, mãe e namorada não podem ficar de fora, certo? Até podem, mas no meu caso não ficam e me ajudaram muito. Minha mãe até tentou me convencer de que com uma compacta de R$ 400 eu conseguiria os mesmos resultados que se estivesse com uma DSLR que custa em média R$ 2.000. Ela ainda acredia plenamente nisso, mas felizmente me ajudou a comprar a Nikon D5000, carinhosamente chamada de Nikki. Audrey, a namorada, me ajudou quando me ouvia calmamente enquanto eu reclamava que não tinha uma câmera alí para registrar aquele céu, e quando arrumou o cartão de crédito quase corporativo para que eu pudesse comprar a câmera, que acabou gerando um certo ciúme, e que ela chama carinhosamente de "essa coisa".
Atualmente venho fazendo fotos para a Vertical Esportes de Aventura e acompanhando a ONG Recapibaribe.
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